Se nunca mais puder fazer música, ainda assim vou servir missão
Eram cerca de 2 da manhã em uma noite fria em Boston, e Brandon Pak estava correndo. Corridas longas não eram incomuns para ele. Em noites sem sono como aquela, ele costumava percorrer a trilha até ficar exausto.
Aquelas corridas eram uma tentativa de superar a apatia e a solidão para sentir alguma coisa — mesmo que fosse apenas cansaço.
“Eu me sentia no ponto mais baixo da minha vida,” diz Brandon. “Sentia um vazio — como se todos os meus relacionamentos fossem superficiais.”
Embora não estivesse em perigo imediato, ele ligou para a linha de apoio ao suicídio naquela noite, desesperado para conversar com alguém.
No papel, Brandon parecia ter tudo. Como estudante da prestigiada Berklee College of Music, emprestava sua voz marcante a shows pelo mundo, se apresentando com estrelas como Charlie Puth e Justin Timb0erlake, e abrindo shows do Pentatonix com seu grupo à capela.
Mas, à medida que Brandon realizava seus sonhos como compositor e intérprete, ele não conseguia se livrar da sensação de que havia um vazio em sua vida — um que nem mesmo a música podia preencher.
Naquela noite, após a ligação, Brandon se lembrou de ter visto uma capela de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias do outro lado da cidade, em Cambridge. Mesmo tendo se afastado da fé da família na adolescência, decidiu arriscar e ir à reunião das 9h no domingo seguinte.
“Lembro-me de estar sentado no banco pela primeira vez depois de tanto tempo afastado, e foi a sensação mais incrível, mais sublime,” diz Brandon. “Todo aquele peso e angústia, por um momento, não desapareceram completamente, mas grande parte foi aliviada. Houve uma sensação imediata de alívio.”
O Espírito que ele sentiu tocou uma nota que estava faltando em sua alma, criando uma harmonia que ressoaria por muito mais do que uma reunião. Em vez de fugir da dor, Brandon decidiu correr em direção a Cristo — uma jornada que mudou completamente a trajetória de sua vida e carreira musical.

Em busca de um sentimento
Na adolescência, Brandon teve dificuldades para se conectar plenamente com o evangelho e sentir o Espírito da forma intensa que seus pais sentiam. Aos 17 anos, ele se afastou da Igreja para refletir sobre suas crenças. Alguns anos depois, mudou-se de casa para estudar música na Berklee.
Durante dois anos, estudou para obter uma dupla graduação em educação musical e musicoterapia — fazendo estágios intensivos, ensinando e se apresentando por todos os Estados Unidos e na China.
No entanto, sentiu-se chamado a desenvolver sua própria arte e, por isso, trocou seu curso para composição musical.
Cerca de um ano após essa mudança, Brandon decidiu entrar naquela capela dos Santos dos Últimos Dias pela primeira vez em muito tempo. Ele se comprometeu a viver plenamente o evangelho por três meses, para ver como isso afetaria sua busca por paz interior.
Assim, começou a estudar as escrituras diariamente e ficou surpreso com a rapidez com que suas metas e prioridades mudaram.
“Logo percebi que queria servir uma missão e ter uma família eterna. Queria estar em paz com Deus porque isso preenchia o vazio. Basicamente, disse a mim mesmo: ‘Se eu nunca mais puder fazer música, ainda assim vale a pena se eu puder sentir isso.’”
Embora não tenha encontrado todas as respostas para suas dúvidas, Brandon escolheu confiar na alegria que sentia ao viver o evangelho. Decidiu que, pelos 99% que sabia serem verdadeiros e que melhoraram sua vida, ele aceitaria os 1% que ainda não compreendia.

Amigos e a decisão de ser missionário
Os membros da ala de jovens adultos solteiros de Longfellow Park fizeram toda a diferença em seu crescimento espiritual. Charles Barrett, que era seu companheiro de ministração, ia além para ajudá-lo a se sentir acolhido na Igreja, chegando a dirigir 40 minutos para buscá-lo e até mesmo ajudá-lo pessoalmente a se preparar para entrar no templo.
Outra pessoa daquela ala teve um impacto transformador em Brandon: Kathryn Petersen. Certo dia, após voltarem juntos a pé da Igreja, os dois se tornaram amigos, e eventualmente começaram a namorar.
“Desde a primeira vez que conversamos, soube que ele estava se preparando para servir uma missão, e admirei muito isso,” diz Kathryn.
“Lutei bastante para não gostar dele tanto assim. Eu tinha 26 anos e pensei: ‘Não posso ser uma mulher de quase 27 esperando um missionário. Isso é coisa de adolescente’. Mas, no fim, era o certo.”
Brandon admirava a forma natural como Kathryn vivia sua fé. “Ela é o primeiro exemplo constante na minha vida de alguém que ora e lê as escrituras diariamente,” ele diz. “Ela é definitivamente uma inspiração para mim. Desde que a conheci, também desenvolvi esses hábitos.”
A decisão de Brandon de servir uma missão foi testada quando foi convidado para fazer um teste no programa America’s Got Talent no final da faculdade, mas ele decidiu recusar a oportunidade e enviar seu chamado missionário. Brandon Diz:
“Eu sabia como era estar perdido e encontrar o evangelho — e o valor que isso me deu como pessoa. Queria que outras pessoas também pudessem ter isso.”

Almas (e canções) que valem a pena salvar
Aos 23 anos, Brandon iniciou seu serviço missionário na Missão Califórnia Riverside de 2019 a 2021. Teve oportunidades únicas de compartilhar o evangelho por meio da música, especialmente durante a pandemia de COVID-19, quando o trabalho missionário passou a depender de chamadas em vídeo e redes sociais.
Após a missão, ele se mudou para Utah para ficar mais perto de Kathryn. Um ano depois, eles foram selados no Templo de Mount Timpanogos, em Utah. “Eu tinha uma lista mental de qualidades da pessoa com quem achava que me casaria,” diz Kathryn.
“E quando conheci Brandon, ele era muito diferente de muita coisa daquela lista. Mas ele era muito mais do que isso. É uma das pessoas mais gentis que já conheci. Ver o quanto ele se esforça para ser melhor a cada dia me inspira a também ser melhor.”
Depois da missão, Brandon decidiu que seus objetivos de viver o evangelho e estar presente para sua família não combinavam com a agenda agitada de artista em turnê.
Embora fosse difícil abrir mão de sua carreira musical, ele estava disposto a fazê-lo para se aproximar mais do Senhor. Assim, concluiu seu MBA e assumiu uma posição empresarial em uma empresa de saúde.
Mas o Senhor continuou abrindo portas para ele na música. Brandon entrou para a banda Metro Music Club, atuando como vocalista principal em casamentos e eventos corporativos.
Após ouvir algumas de suas músicas inéditas, membros da banda o colocaram em contato com a gravadora Shadow Mountain Records, com a qual ele assinou contrato em 2023.
“Foi muito significativo para mim ver que, quando santifiquei minha música e disse: ‘Vou deixar isso completamente de lado’, Deus transformou isso em uma bênção para mim e para tantas outras pessoas. Ele transformou em algo realmente bonito e fez disso uma parte marcante da minha vida.”

Nunca é tarde demais
Brandon reconhece que cada pessoa tem seu próprio caminho, e o que o resgatou pode não funcionar da mesma forma para todos. Especialmente para quem enfrenta desafios de saúde mental, pode ser importante buscar apoio médico e profissional para lidar com fatores genéticos e bioquímicos.
Independentemente das circunstâncias individuais, Brandon acredita firmemente que o Senhor nos encontra onde estamos e nos ajuda a voltar para casa. Por meio de suas canções, ele espera que as pessoas sintam que não estão sozinhas em suas lutas — e que o Senhor as ama. Brandon compartilha:
“Minha vida já esteve em lugares muito escuros, mas minha música está aqui para comunicar que, não importa de onde viemos ou qual seja o nosso momento de escuridão, o Senhor está aqui para nos ajudar — enquanto estivermos dispostos a entregá-lo a Ele”.
Fonte: LDS Living
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